Como escrever todos os dias: exercícios para destravar a escrita
Quem me acompanha por aqui já deve saber que eu sempre amei escrever! Como hoje trabalho com as palavras, sentar em frente ao computador e encarar uma página em branco se tornou minha rotina. Mas esse nem sempre foi um hábito… Destravar a escrita é um desafio que vencemos diariamente, e hoje quero compartilhar algumas dicas de exercícios que me ajudaram — e ajudam — a estimular o hábito de escrever todos os dias.
Exercitando a escrita
Exercícios de escrita são uma ótima maneira de melhorar a produção de textos. Eles ajudam tanto a destravar um projeto atual, oferecendo novas perspectivas; quanto são verdadeiros estimulantes para exercitar a criatividade e gerar novas ideias que podem vir a ser trabalhadas e desenvolvidas.
Alguns exercícios simples que ajudam a praticar são:
- Faça a descrição detalhada de um cômodo da sua casa. Não importa se é a cozinha ou o banheiro, o objetivo é refinar seu olhar para os detalhes e praticar a descrição do cenário que rodeia a cena;
- Pegue uma notícia e escreva uma história a partir dela. Pense em quem são os personagens envolvidos na trama, quais seus desejos e motivações. Isso te ajudará a dar mais profundidade para seus personagens;
- Quando sair, preste atenção aos diálogos. Em um restaurante, parque ou transporte público, preste atenção nas pessoas e repare no que elas falam e na maneira como falam. Use algo que ouvir como base para criar uma história — pode ser uma história curta mesmo, a ideia é expandir uma cena a partir de um elemento disparador.
E vale lembrar que nada do que você escrever aqui precisa ser o seu melhor trabalho. Esses exercícios são apenas uma forma de te estimular a praticar.
Praticando diariamente, você escreverá melhor a cada dia ;)
Experimente o exercício das páginas diárias
Esse exercício merece um tópico à parte! No livro “O Caminho do Artista”, de Julia Cameron, a autora propõe um exercício de “páginas matinais”. Funciona mais ou menos assim: todos os dias pela manhã, você se senta e escreve — em um caderno ou no computador — pelo menos três páginas.
Segundo a autora, o ideal é fazer o exercício pela manhã mesmo, pois apesar do nosso corpo já estar funcionando, o cérebro ainda não “ligou” completamente e, por isso, nossos mecanismos de defesa ainda não foram totalmente ativados. É como se pudéssemos “ser mais nós mesmos” nesse período e, por isso, a escrita flui com mais naturalidade.
Em alguns dias pode sair um desabafo, em outros uma descrição, vale até lista de supermercado, caso isso esteja ocupando sua mente. O mais importante é que você não deve se preocupar com regras gramaticais, pontuação ou coerência. Sinta-se livre para colocar as palavras no papel exatamente da forma como elas saírem, o que importa é que sejam o mais fiéis possível aos seus pensamentos no momento. E pode ficar despreocupado, elas são só suas — não precisa mostrá-las para ninguém se não desejar.
O objetivo é conseguir tirar da frente aquilo que pode estar te travando. Esse livro é um verdadeiro guia, não apenas para escritores, mas para todos os artistas que estão em busca de se conectarem mais profundamente com sua criatividade.
Em minha experiência pessoal, nem sempre consigo escrever livremente pela manhã, pois alguns compromissos tomam conta da minha agenda. Porém, todos os dias busco resgatar uma escrita mais espontânea de dentro de mim.
Desde que comecei a escrever profissionalmente, sinto que minhas palavras se tornaram mais técnicas, um pouco mais formais. Recuperar essa espontaneidade é um desafio. Mas estou sempre em busca de me encontrar através de minha escrita, afinal, foi isso que me motivou a escrever em primeiro lugar.
Pratique, pratique e pratique mais um pouco
Escrever não tem segredo, mas requer constância. Escrever bem não é um dom, é treino. Ficamos melhores à medida que o tempo passa e exercitamos os dedos e a mente.
E se você, assim como eu, escreve — ou deseja escrever — profissionalmente, saiba que precisa escrever com ou sem inspiração, então não resta alternativa a não ser sentar e escrever.
Costumo dizer que a escrita é como um alongamento: quanto mais você se alonga, mais espaço abre dentro de você. A cada dia, a cada alongamento, você consegue estender um pouquinho mais. É aos poucos que você trilha um caminho para chegar onde sequer imaginava que seria possível (obrigada aulas de Yoga por me ensinarem a viver isso dentro e fora do tapete!).
Por isso, a repetição é o caminho para o hábito. Diversos autores revelam seus exercícios de escrita e todos têm uma coisa em comum: a persistência. Não importa se você está motivado ou não, sente e pratique.
Mas também não adianta escrever sem rumo. Parar para refletir é muito importante! Minha dica é que você defina o seu objetivo com a escrita. Seja sincero consigo mesmo e se pergunte:
● O que você quer é um hobbie ou uma atividade profissional?
● Quer criar histórias de ficção ou transmitir seu conhecimento e técnica para outras pessoas?
Suas respostas serão seu guia na jornada com as palavras. Assim que definir um objetivo, você se sentirá mais motivado a praticar sua escrita.
Depois disso, recomendo que você faça um compromisso consigo mesmo: escrever é um ato solitário e, por isso, precisamos contar ao mundo e, principalmente, a nós mesmos, que precisamos de tempo, espaço e silêncio.
Converse com as pessoas que moram em sua casa para que elas respeitem seu tempo de escrita, e também faça a sua parte: desligue as notificações e minimize ao máximo as distrações para que você possa se focar.
Alterne períodos de produção com intervalos de descanso, afinal, eles também são importantes! Saber a hora de parar nos ajuda a descansar a mente e, além disso, consumir conteúdos e se permitir o lazer, nos oferece repertório para alimentar a nossa criatividade. Por isso, as pausas podem ser revigorantes para o escritor.
Escrita e autoconhecimento
No fundo, todo escritor fala sobre si. Quanto mais exploramos a escrita e nos desafiamos a persistir escrevendo, mais temos a chance de nos conhecermos.
Escrever é marcar um encontro com si mesmo e uma página em branco. O exercício das páginas diárias é uma oportunidade incrível de aprender mais sobre si, lidar com suas inseguranças e bloqueios criativos, além de ajudar a descobrir o tom da sua voz e estilo de escrita.
Ao contrário do que pode parecer, esse exercício não é introspectivo. Ao contrário, ele nos convida a colocar pra fora, dividir com o mundo aquilo que existe dentro de nós. Começamos com uma folha de papel, em um espaço íntimo. Mas a disciplina e o hábito nos dão a força e a coragem para ir além.
Se você gostou dessas dicas, recomendo que experimente por pelo menos uma semana — o ideal é que seja por um mês, o tempo que levamos para criar um novo hábito. E continue me acompanhando por aqui, pois a partir da minha experiência como redatora, eu compartilho dicas práticas de escrita e produção de conteúdo. Aproveita e me conta se você tem alguma outra técnica que funciona pra você, vou adorar conhecer e experimentar 💜